sábado, 5 de fevereiro de 2011
Tomorrow never comes until it's too late...
Por Thiago Soares - jornalista, professor e autor do livro "Videoclipe - O Elogio da Desarmonia"
Neste clipe, temos o amor e o estilo de Wong Kar-Wai. Juntos. Casados. Amor é água, essa emulsão em que a gente mergulha meio sem saber onde vai dar, se tem fundo, se tem alguma coisa que nos sustente. Não à toa, o clipe começa com corpos na água. Ouvimos, na canção, uma espécie de “contagem” de dias para o que quer que seja – Um encontro? Um começo? Um fim? Mas, quando Wong Kar-Wai nos sugere aqueles corpos n’água, temos um indício: ele está falando de um mergulho. Sim, um mergulho.
Aí aparecem coisas como faíscas, fogo, olhares à espreita. Oh, meu Deus, eles, os paradoxos sempre a aparecer… Os conflitos. Os senões. Por que existem? Existem. Do lindo e tranqüilo azul em que mergulhamos, acabamos fadados ao amarelo-fogo, ao laranja-faísca. Então, os olhares. Furtivos, desconfiados.
E por que a tatuagem? A dor da tatuagem, o prazer da tatuagem ao espelho. Tatuar é colar algo não na pele, mas na alma. Não sai. É matar um pouco o nosso corpo com os registros de um momento. Tatuagem é vestígio de que a gente passou por algo. Ou passa. A gente viveu. Ou vive. Tatuagem e amor. É até óbvio, não? Mas é tão, mas tão bonito quando mostrado por Wong Kar-Wai…
Ouvimos na música: “Tomorrow never comes until it’s too late” (“Amanhã nunca vem até que é tarde demais”). E então, além da água e dos corpos, vemos lutas: boxe, golpes de artes marciais. Duas palavras não saem da minha cabeça: “amanhã” e “tarde demais”. Eu quero não acreditar que Wong Kar-Wai está falando de um fim. De um adeus. Estava tudo tão lindo…
Mas quem disse que não há beleza no fim de um relacionamento?
O amor também tem dois lados. É...
Clipe e texto - bem realista, por sinal - lindos, né?
Trecho retirado do texto videoclipe de amor que pode ser lido na íntegra aqui.
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