quarta-feira, 16 de maio de 2012

Além do que se vê

Faltam-me palavras para descrever como foi aquele momento. Vê-los depois de longos meses – quiçá anos – de espera. 11 de maio de 2012, com certeza, um dia para ser lembrado para sempre. Uma noite repleta de emoções e infindáveis tremeliques. Afinal, finalmente realizei um dos meus maiores sonhos: assistir a um show do Los Hermanos.
De tão ansiosa, na semana do show tive todos os sintomas de gripe. Além disso, a lombar doía e no grande dia, o estômago se manifestava de uma maneira nada agradável. Tudo melhorou quando cheguei ao Espaço das Américas às 16 horas. No entanto, a cada vez que olhava o relógio tinha a sensação de que o tempo passava arrastado. Como muitos dizem: “dava meia noite, mas não chegava às 20 horas”.


Para passar o tempo, comi, conversei e na esperança de ao menos tirar um cochilo, até no chão deitei. Depois de longos momentos de espera e ansiedade, às 19h40 abriram os portões. O processo foi rápido, porém, demorado. Deixar as mochilas na chapelaria, passar pela revista, verificação do ingresso e passar por alguns seguranças. Após tudo isso, pernas para que te quero! De tanto que corri me senti uma maratonista.
Quando olho para frente, não acredito. Havia duas pessoas na minha frente. Eu fazia parte da terceira fileira e estava bem próxima ao palco. Nesse momento, a ansiedade tomou conta de mim de novo. Sabia que tinha de esperar muito até às 22 horas. O que me salvou foi ter conhecido pessoas bem interessantes na pista. Preconceito, homossexualismo, histórias de vida e música foram alguns dos assuntos tratados. Temas que distraíram minha cabeça e aliviaram a tensão.


Às 22 horas as luzes do Espaço das Américas foram apagadas. No telão, as informações básicas de segurança e meu coração quase saltando pela boca. 15 minutos depois vejo o Rodrigo Amarante entrando no palco e em seguida os outros hermanos. Nem preciso dizer que abri o berreiro. Sim, chorei o show inteiro.
A canção que abriu a apresentação foi “Além do que se vê”, seguida de “Retrato pra Iaiá”, “O Vencedor” e “Todo carnaval tem seu fim”. O começo de um espetáculo cheio de surpresas. Todos cantavam tão alto que era quase impossível ouvir o Marcelo Camelo cantando a primeira música do setlist.


Em “Todo o carnaval tem seu fim”, joguei confetes e serpentinas. No palco, Camelo praticamente fazia o mesmo e dava umas risadinhas. Porém, em todos os momentos Amarante era o mais animado. Pulava, dançava, dava cambalhota no palco e interagia com o público. Houve momentos em que os dois cantavam um no microfone do outro. Nesses instantes tive a sensação de como eles estavam com saudade em sair em turnê juntos. A concentração de Rodrigo Barba e a seriedade muda de Bruno Medina completavam aquele cenário.
A emoção corria em minhas veias. Além de sentir os cabelos colados na testa, parecia que minhas cordas vocais estourariam ali mesmo. E o coração? Não sei como ele não explodiu. Em toda minha vida, nunca pulei, cantei, dancei e interagi tanto com um show. Quando o Amarante chegava bem perto da grade, a minha vontade era de tentar tocá-lo. Tarefa difícil, mas que me fez sentir na estação da Sé em pleno horário de pico: difícil para levantar as mãos e mover os pés. Um empurra-empurra para lá de delicioso, na situação que me encontrava.
Difícil dizer quais foram as músicas que mais me emocionaram, mas “De Onde Vem a Calma”, “Último Romance”, “Primeiro Andar”, “Sentimental”, “Casa Pré-Fabricada”, “O Velho e o Moço” e “Conversa de Botas Batidas” conseguiram me deixar completamente boba. Eles terminaram o show com a sequência “Pois é”, “Tenha Dó”, “Anna Júlia”, “Quem Sabe” e “Pierrot”, mesma música dos concertos anteriores.
Após duas horas de espetáculo posso dizer que cada dia de espera valeu muito a pena. O valor do ingresso, a insegurança para ele chegar em casa a tempo, ter de aguardar muitas horas para assisti-los e ter de ficar na rua até às 04h45 para voltar para casa foram bem recompensados. E no Espaço das Américas, durante a apresentação, os hermaniacos cantavam e gritavam em uníssono: Volta Los Hermanos!

Gostaria muito que o pedido fosse atendido.
A ponta pra fé e rema!